Monday, March 05, 2012

Trabalho, trabalho, trabalho...

Trabalho, o meu nome é trabalho. E não é nome do meio nem sobrenome, é primeiro nome mesmo. Prenome, aquele que vem antes do nome. Nome próprio. Nome de batismo. Acho que nos últimos tempos me batizaram com esse nome... e eu gostei. Abracei, me envolvi, me deixei levar. E o trabalho se apossou de mim.

Tenho gostado bastante da vida, tenho estado bastante feliz. Não posso reclamar. Finalmente, consegui o que queria. Finalmente, posso dizer que estou plenamente satisfeita. Me sinto uma aprendiz, jovem, crua... mas útil, disposta, comprometida. Não mais subaproveitada, não mais mal-remunerada. Minha energia agora tem intensidade e direção. Direção certa. E o fruto do meu trabalho não é perdido. Pelo menos eu me sinto assim. E isso me deixa imensa e galopantemente feliz. Feliz por estar cada centímetro mais perto da vida que eu queria. Da casa que eu desejo. Das paredes que eu anseio. Dos livros que me atraem. Das viagens que se planejam pra mim. Da espiritualidade que me governa. Dos amores que me roubam os pensamentos. Dos lugares aos quais eu pertenço. Dos sonhos que consomem minhas noites. Dos filhos cuja falta eu já sinto.

Mas, nesse meio-tempo, ainda tenho um tempinho pra você. Só pra você.

Tuesday, January 17, 2012

Vida

Sabe quando você sente que tá tudo acontecendo? "It's all happening", igualzinho no 'Quase Famosos', tintim por tintim. Quando, de um jeito ou de outro, você simplesmente sabe que tá tudo se desenrolando como deveria estar? Que você tá onde devia estar. Coragem é tudo nessa vida. Quando você pressente que as coisas tão finalmente se encaminhando? Nossa, finalmente! Quando você se sente no meio do olho do furacão - um "furacão" bom - e do movimento? Movimento é vida. Sabe? Quando você percebe que tem um turbilhão de coisas acontecendo à sua volta e que você tá exatamente no lugar certo e na hora certa? Definitivamente, já tava na hora. Quando você se dá conta de que a vida tá seguindo o seu rumo? Quando você tem absoluta certeza de que tem alguém cuidando dos acontecimentos?

Então, eu tô assim.

Monday, January 09, 2012

Sauvage

Deixei de cortar o cabelo. Deixei de pintar as unhas. Deixei a pele ressecar até engrossar. Deixei as unhas crescerem até virarem garras. Deixei o sangue escorrer pelas pernas. Deixei o olhar se apurar. Deixei a penugem crescer. Assim como a coragem. Um sentimento visceral. Mais do que nunca, visceral. Só o que é autêntico e essencial me interessa. Primordial, no mais rude sentido da palavra. De primórdios, mesmo, de origem, de alguma coisa muito antiga e natural. Selvagem. Estrutural. Tô me sentindo gerada, nutrida. Sugando a seiva da vida. Louca pra sugar mais e mais. Pra me alimentar desse mel que me fortalece e me enrudece de dureza e de intensidade. Instinto de sobrevivência, será? Um crescimento quase que forçado, violentado, imposto. Mas necessário.

Tô me sentindo sozinha numa floresta, entre as árvores, olhando o perigo de frente. Descalça. De noite. Nua. Sem ter pra onde fugir. Correndo com os lobos, literalmente.

Tô me sentindo vazia. Um vazio bom.

... dans cette sécheresse et dans cette férocité, une sorte d'énergie animale, un peu sauvage, permet émerger et répandrer de se hisser hors des sentiers de les montagnes de l'âme à laquelle tout semblait le prédestiner.

Friday, December 30, 2011

Quando se chega à bifurcação...

Aceitar que certas coisas, épocas e pessoas não vão mais voltar. Entender que o tempo está passando e, uma hora ou outra, pode ser tarde demais. Confiar que tem algo bom me esperando lá na frente. Compreender a magia do mundo, que ele sempre encontra o seu próprio jeito de um dia fazer sentido. Abrir os meus caminhos por mim mesma, sem receita, sem molde, sem manual. As coisas não precisam necessariamente sair do jeitinho que a gente imaginou pra darem certo. Acalmar o meu coração pras surpresas que estão por vir. E consolá-lo pras eventuais frustrações. Caminhar pelas minhas próprias pernas. Doar sangue. Escolher os destinos das futuras viagens e planejar os recursos. Viver com mais alegria. Produzir. Não importa o que, mas a arte está em produzir. Cuidar do meu corpo, mas, mais importante, das minhas idéias. Ler. Conseguir enxergar cada vez mais a beleza do mundo. Admitir os meus erros e tentar consertá-los. A gente só consegue alguma coisa quando admite o que é. Estudar. Aprender, que eu considero mais importante ainda do que estudar. Dançar mais. Crer, porque as realizações só vêm pra quem crê. Sonhar, sempre, sonhar.

Decidir. Tomar um rumo, qualquer que seja. Decidir. Seguir numa direção sem olhar pra trás. Decidir. Sair correndo por um caminho sem pestanejar. Decidir...

Wednesday, December 28, 2011

La Loba

À noite, enquanto a cidade sonhava... no céu a luz de uma estrela brilhava. Acho essa música linda de tudo, sempre me emociona, sempre.

Chega o fim do ano e essa minha melancolia-hóspede vem me visitar e bate mais uma vez à porta. É engraçado, mas acho que não seria eu se assim não fosse. Definitivamente, não seria.

Porque, mais do que cíclico, mais do que instintivo, me atrevo a dizer que até mais do que feminino, é canceriânico mesmo, esse lance de andar pra frente, parar, recuar, andar pra trás um pouquinho, para conseguir voltar a andar pra frente. Coisa de caranguejo. Ir tateando, sentindo, experimentando. É a essência do natural, do instintivo, do feminino. Pedindo para sair, para se manifestar, para se mostrar. Mais do que pedindo, ordenando, ansiando, conquistando, tomando conta, rasgando tudo. Preciso desesperadamente dessa limpeza, dessa reciclagem, dessa troca de pele. O que antes era apenas uma leve penugem começa a engrossar, a virar um pêlo grosso e forte. As patas antes cambaleantes começam a se calcar melhor no chão, com mais firmeza. As orelhas antes tímidas e baixas começam a procurar mais decididas o som. Os olhos antes hesitantes passam a encarar o perigo de frente e sem medo. O rabo antes acanhado e encolhido toma a forma de um instrumento, conferindo vigor e robustez. Maturação. Amadurecimento. Consciência. Força. Poder. Instinto. A Mulher Selvagem, assim mesmo, tudo em maiúsculo...

Daqui pra frente, só Deus sabe. Não posso mudar o ponteiro das horas. Mas posso mudar o hoje, o agora e o ponteiro dos segundos.

“Winter is coming...”.
[Game of Thrones, magnífica.]

Sunday, December 04, 2011

Crimes e penas

Nunca duvidei, nunca. Acredito demais em Deus, tenho uma fé inabalável. Mas, mais do que frequentar igreja e ir à missa, que também acho importante, mas não essencial, acho que o que decide mesmo é a conexão. O amor que a gente tem dentro da gente. A fé mesmo, pura e simples. Precisamos confiar, ter essa ligação. É o que liga a gente ao mundo, o que nos faz acreditar nele e, sem isso, eu sinceramente não saberia viver. Já me irritei, desacreditei, julguei e até maldisse a vida por algumas frustrações... mas hoje não mais. Hoje eu ando pelo mundo sorrindo, não importa o que me aconteça. Sorrio porque estou viva. Sorrio porque posso ver o mundo, porque posso tocá-lo, porque posso senti-lo, porque posso caminhar por ele, porque posso me maravilhar com os acontecimentos dele, porque ainda tenho tanto pra viver nele, porque posso me deixar ser invadida por ele a cada segundo. Encaro tudo como uma bênção, uma surpresa, um bônus. E é mesmo. Se a gente não se entregar, não acreditar, não agradecer inclusive pelas dificuldades, que nos fazem mais fortes, não confiar que tudo faz parte de uma coisa maior, viramos aqueles amargurados que não sabem viver e só passam pela vida, sem deixar nada de bom pro mundo nem pra ninguém.

Mas, mais do que tudo, eu confio. Confio que tudo nessa vida tem um porquê, mesmo que a gente na hora não entenda. Tudo um dia faz sentido. Confio que quem merece sempre alcança, que esse mundo dá voltas e surpreende os mesquinhos e recompensa os generosos, mesmo que demore. Não acredito em "falta de sorte". Acredito em alegria, em generosidade, em altruísmo, em desprendimento. Tudo é ação e reação. Fazer para os outros o que gostaríamos que fizessem por nós, ser para os outros o que gostaríamos que fossem para nós. Mais até do que o que fazemos, mas o que somos.

E, no fim das contas, tudo tem o seu jeito especial e particular de, mesmo no caos, se rearranjar. Isso é justiça. E é só o que eu quero dessa vida.

"Pensamentos viram ações, ações viram hábitos, hábitos viram o caráter e o caráter vira o seu destino." [Aristóteles.]

Thursday, November 24, 2011

Apelações e agravos

Saudade
Saudade, lembrança
Lembrança de tantas memórias
Lembrança do que não foi, do que não veio
Do que veio e se foi
Alguns nãos, tantos sins...

O dito pelo não dito,
Os silêncios eloquentes
A comunicação não falada,
Mas sentida,
Arrepiada

Ah, taaaaantos, mas tantos sins...

Distâncias que separam
E que parecem aproximar cada vez mais
Talvez a resposta seja esta:
Distância física para proximidade espiritual

Você chegou aqui primeiro
E eu sempre, sempre, atrasada
Fico correndo atrás do tempo
Como se tivesse alguma chance
De algum dia alcançá-lo

Perdida na ilusão, eu corro
Corra, Lola, corra
Como num desenho animado
De calça cinza, blusa verde
E cabelo vermelho

E os meus diários me vão caindo dos bolsos
Papéis voando, voando, voando...
Como se fugissem de mim,
Como se não mais meus fossem
Assim como a minha história

E você aí, destinatário anônimo
Das cartas que eu nunca enviei
Guardadas na minha memória
Será que algum dia enviarei?

Ah, como eu odeio apelação!
Só não odeio mais do que agravo.

Thursday, November 17, 2011

Já foi

Sabe quando a gente sente que tá tudo passando rápido demais? O tempo, os acontecimentos, as pessoas, a vida... Então. É porque o momento já passou, já foi, já era.

Thursday, October 27, 2011

Gypsy

"So I'm back, to the velvet underground
Back to the floor, that I love
To a room with some lace and paper flowers
Back to the gypsy that I was
To the gypsy... that I was

And it all comes down to you
Well, you know that it does
And lightning strikes, maybe once, maybe twice
Oh, and it lights up the night
And you see your gypsy
You see your gypsy

To the gypsy that remains faces freedom with a little fear
I have no fear, I have only love
And if I was a child
And the child was enough
Enough for me to love
Enough to love

She is dancing away from me now
She was just a wish
She was just a wish
And a memory is all that is left for you now
You see your gypsy
You see your gypsy

Lightning strikes, maybe once, maybe twice
And it all comes down to you

I still see your bright eyes, bright eyes
I have always loved you
And it all comes down to you..."
[Fleetwood Mac... or even better, Stevie Nicks!]

Monday, October 24, 2011

Cidade gata de botas

Tô cansada. Tô vazia. Ando por aí topando nas emoções, nas coisas e nas pessoas, à espera de algo a me preencher. Eu sou um vácuo. Um útero. Cheio de todos os recursos necessários mas sem vida pra gerar. Subumano, subutilizado, underrated. Suburbano, no meio dessa cidade sadicamente apaixonante. Os perfumes se misturam com os odores, a beleza com a feiúra, a serenidade com o caos, as calçadas modernas perfeitamente calculadas com as sarjetas, as árvores com o trânsito, os pés com os pneus, os cabelos milimetricamente asseados com as barbas mal-aparadas, os transeuntes com os carros, os ternos com as calças rasgadas, a solidão com as multidões. Tudo no mesmo balaio. Um só coração que bate por todos. E ele pulsa, pulsa...

Tô impregnada por São Paulo, é assim que eu me sinto.