Deixei de cortar o cabelo. Deixei de pintar as unhas. Deixei a pele ressecar até engrossar. Deixei as unhas crescerem até virarem garras. Deixei o sangue escorrer pelas pernas. Deixei o olhar se apurar. Deixei a penugem crescer. Assim como a coragem. Um sentimento visceral. Mais do que nunca, visceral. Só o que é autêntico e essencial me interessa. Primordial, no mais rude sentido da palavra. De primórdios, mesmo, de origem, de alguma coisa muito antiga e natural. Selvagem. Estrutural. Tô me sentindo gerada, nutrida. Sugando a seiva da vida. Louca pra sugar mais e mais. Pra me alimentar desse mel que me fortalece e me enrudece de dureza e de intensidade. Instinto de sobrevivência, será? Um crescimento quase que forçado, violentado, imposto. Mas necessário.
Tô me sentindo sozinha numa floresta, entre as árvores, olhando o perigo de frente. Descalça. De noite. Nua. Sem ter pra onde fugir. Correndo com os lobos, literalmente.
Tô me sentindo vazia. Um vazio bom.
... dans cette sécheresse et dans cette férocité, une sorte d'énergie animale, un peu sauvage, permet émerger et répandrer de se hisser hors des sentiers de les montagnes de l'âme à laquelle tout semblait le prédestiner.
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