Wednesday, May 12, 2010

Passageiro-viajante

Estou presa. Presa à minha pele, presa ao meu corpo. Aqui dentro. Dentro de mim existe um ser que tenta desesperadamente e a todo tempo sair. Mesmo que eu feche os olhos. Mesmo que tudo e todos à minha volta façam de tudo pra me manter aqui, dentro de mim, quieta. Esse ser é mais forte. Esse viajante, esse passageiro. Passageiro desse trem que é o meu corpo. Que viaja, que passeia, que segue, que vai. Vai pra longe e não volta. Ou volta, diferente. Um passageiro que ousa ir para os lugares mais distantes e impensáveis. Que quer sempre transcender, transpassar, transgredir. Eu sou, antes de tudo, teimosa. Não aceito, não me conformo, não me acomodo. Mesmo quando me acomodo, entende? Dentro de mim, já estou longe. Em outro lugar. Em tantos lugares. Em tantos momentos. Em tantos sonhos.

Vivo me perdendo por aí. E me encontrando de novo. Me perdendo de vista na multidão. Esbarrando comigo mesma em alguma esquina da vida. Perdendo-me de vez. Achando-me sem engano novamente...

Eu não pertenço mais a mim. O mundo bateu à minha porta e me tomou como sua. E eu decidi me entregar.