Thursday, July 15, 2010

Verde sentimento

Árvores cortadas. Galhos e folhagens tristes, tocos fincados no chão. Sacolas de plástico me incomodam. Cavalos me alegram, põem um sorriso no meu rosto. O verde enche meus olhos. Rosas que não falam. Moram no meu peito. Preciso gastar menos água, preciso. E cultivar mais plantas. Tenho que dormir menos, correr mais. Minhas costas dóem, mas não me canso. Quero coluna e pernas fortes e um coração sempre aberto. Quero equilíbrio. Quero fazer algo de bom. Ainda tenho duas promessas pra cumprir. Saúde: quem tem deve dar um pouco aos outros. Pra receber. Pra ser feliz.

Eu quero merecer, só quero merecer.

"Deixe-me ir, preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
Quero assistir ao sol nascer, v
er as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer, quero viver...
Deixe-me ir, preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar...
Quero assistir ao sol nascer, v
er as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer, quero viver...
Deixe-me ir, preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar."
[Do mestre Cartola.]

Wednesday, June 30, 2010

Camiseta do Batman

Ah, uma camiseta do Batman! Uma camiseta velha, desbotada e surrada dos anos 80, que antes foi do meu primo, quando criança. Passou para o meu irmão. Agora é minha. Devidamente surrupiada às escondidas. Vintage? Não sei. Gosto de pensar que é relíquia de família. Tipo "As Jóias da Coroa", só que bem [beeeeeem] mais humilde e singela.

Usei hoje. Com botas de cowboy, a despeito dos olhares de reprovação do meu irmão [rs]. Ok, é que eu ando num cowboy-mood ultimamente... não sei, botas de cowboy e camisas xadrez têm me seduzido muito, sem qualquer explicação plausível. Mas, mais do que moda, acho que é o jeito country de ser mesmo. Tudo bem, eu sei que é cômico, pode rir! Mas tem um algo de familiar, um quê de cidade pequena, de memórias mesmo.

E me peguei lembrando dos meus tempos de criança, das brincadeiras, dos desenhos que eu assistia, dos aniversários na casa da minha avó, das tardes com os meus primos, dos amigos, dos inimigos, dos bolos e brigadeiros, dos dentes-de-leite, das birras, dos tombos de bicicleta, das fotos clássicas comendo melancia, das quadrilhas em festa junina na escola, de tudo...

A poesia singela do dia-a-dia me encantando, como sempre.

Friday, June 18, 2010

Movimento Circular Uniforme

Dois trens partem em trajetória circular uniforme, cada um em seu próprio ritmo. Como os ponteiros de um relógio, um levando as horas, outro levando os minutos. Cada trem carregando seu passageiro. Cada passageiro carregando seu coração. Como os planetas, ao mesmo tempo em rotação e em translação, cada um com seus satélites e luas próprios. É a trajetória da vida, das estações, das paradas inesperadas, dos desvios pelo caminho, dos acidentes na estrada, do tempo e do espaço. Por mais que se queira negar, é um ciclo vicioso. Às vezes, passam pelos mesmos locais, pelas mesmas placas, pelos mesmos sinais. Só que os vêem diferentes. Fazem o mesmo trajeto, o mesmo circuito, o mesmo itinerário. Trilham o mesmo caminho. Porém em momentos diferentes, com olhos diferentes. Seus faróis iluminam o percurso cada um à sua maneira. São chegadas e partidas, encontros e despedidas. Mas o destino, quando acha que deve, reserva conexões, baldeações, interligações. São momentos mágicos em que a vida caprichosamente permite que os ponteiros se encontrem, se acertem, se sobreponham como se fossem um só. Que os trens se deixem desembalar e se reúnam na estação. Que os planetas compartilhem seus ciclos viciosos e coincidam num mesmo ponto. Tudo no universo parece conspirar para que eles se ajustem perfeitamente. Esses momentos podem ocorrer de tempos em tempos, ciclicamente, como o nascer do sol, ou apenas uma única e especial vez, como um eclipse. E ali, por apenas aquele único segundo, um singelo momento, o encontro é perfeito. A sintonia é completa. E a plataforma da estação parece se esvaziar só para presenciar aquela conjunção de fatores sublimes. Para depois se encher de novo de pessoas, de pressa, de correria, de vida... e recomeçar a viagem.

E fica a mágica no ar das engrenagens dos relógios nos pulsos pelas estações do mundo afora.

Monday, June 14, 2010

Um adorável ladrão

Você disse que me ler te faz escrever. Te ler me faz ficar sem palavras! É como se você delicadamente as roubasse de mim, sabe? Escrever, eu escrevo... escrevo, escrevo e escrevo. Mas não sai nada, entende? Não consigo colocar no papel nem um centésimo do que sinto ou do que gostaria de dizer [...]. E eu tento, ah, como tento! E não consigo fazer poesia como você, já me conformei. Acho que a minha poesia é em prosa mesmo.

Tô aqui, com zilhões de coisas na cabeça, notas musicais ecoando nos ouvidos, um monte de textos pra estudar, alguns cabelos brancos por nascer, tantas preocupações encobrindo meu sorriso... mas tenho pensado bastante em você.

E em LEGO também, é bom que se diga! Rs...

ps: Quando tiver chance, ouça "Minha Casa", de Zeca Baleiro.

Wednesday, May 12, 2010

Passageiro-viajante

Estou presa. Presa à minha pele, presa ao meu corpo. Aqui dentro. Dentro de mim existe um ser que tenta desesperadamente e a todo tempo sair. Mesmo que eu feche os olhos. Mesmo que tudo e todos à minha volta façam de tudo pra me manter aqui, dentro de mim, quieta. Esse ser é mais forte. Esse viajante, esse passageiro. Passageiro desse trem que é o meu corpo. Que viaja, que passeia, que segue, que vai. Vai pra longe e não volta. Ou volta, diferente. Um passageiro que ousa ir para os lugares mais distantes e impensáveis. Que quer sempre transcender, transpassar, transgredir. Eu sou, antes de tudo, teimosa. Não aceito, não me conformo, não me acomodo. Mesmo quando me acomodo, entende? Dentro de mim, já estou longe. Em outro lugar. Em tantos lugares. Em tantos momentos. Em tantos sonhos.

Vivo me perdendo por aí. E me encontrando de novo. Me perdendo de vista na multidão. Esbarrando comigo mesma em alguma esquina da vida. Perdendo-me de vez. Achando-me sem engano novamente...

Eu não pertenço mais a mim. O mundo bateu à minha porta e me tomou como sua. E eu decidi me entregar.

Tuesday, April 27, 2010

Querido inquilino:

Labirintos. Chaves. Prisões, doces prisões. Corações iluminados. Pronomes possessivos. Quatro cantos, dois braços abertos, um par de olhos esperançosos, uma boca em silêncio e sede, muita sede. Ou seriam quatro braços? Entrelaçados. Trancafiados, juntos. Caminhando uns de encontro aos outros. Peles se tocando. Pessoas vivendo. Lugares existindo. Sons ecoando, palavras sussurrando e sonhos florescendo...

E nunca vou me esquecer de como eu me senti quando ouvi jazz pela primeira vez.

I'm madly in love with everything that makes me feel my life will never be the same again. And that goes to movies, music, books, food, places, moments and people.

[Em homenagem ao seu "lá" e ao meu "aqui".]

Sunday, April 04, 2010

Saudade verborrágica

Desculpe se isso soa meio repetitivo, mas aqui estou eu, de novo, à sua porta. Paciente se apresentando, novamente, no divã. Desarmada, aberta, nova. Como uma criança que aprendeu a lição. E está pronta para outra "arte". Sabe como é? Página em branco. Não apagada, apenas começando um novo capítulo.

Tô daquele jeito, assim: nadando contra a corrente, lutando contra o tempo, a ansiedade no último, a cabeça a mil, as pernas correndo, os sonhos mais vivos do que nunca, os pensamentos brotando no escuro, as palavras verborragicamente saltando pela boca, o coração apertado, a paciência meio curta, as emoções à flor da pele...

Estou... viva.

"Ando tão à flor da pele
Que qualquer beijo de novela me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar 'flor na janela' me faz morrer
Ando tão à flor da pele
Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele tem o fogo do juízo final."
[Zeca, sempre Zeca.]

Monday, March 01, 2010

Reencontro

- Oi, como vai?
- Tudo bem, e você?

- Nossa, amizade é a melhor coisa que existe...
- Ainda mais quando começa do jeito mais simples, um cumprimentando o outro.

- Dar "bom dia" para alguém salva o dia de qualquer um!
- E dar lugar para os outros no metrô também...

- Semana passada dei lugar pra uma senhora que estava de pé e o senhor do meu lado deu o lugar dele pra mim. E ainda se desculpou!
- Ah, não se fazem mais heróis como antigamente...

- Nossa, só caso se for com um homem assim.
- Casamento pode ser bom, quem diria...

- Dia desses alguém me disse que meus desenhos e anotações pareciam quadro do Klimt...
- Que elogio!

- As pessoas ainda me encantam, sabe?
- Quando menos se espera.

- Ser escritora deve ser a melhor profissão do mundo.
- Eu escrevo só por diversão...

- Eu sou a _____, e você?
- Eu também!

Saturday, February 06, 2010

Minha filha vai se chamar Nina...

"Birds flying high, you know how I feel
Sun in the sky, you know how I feel
Breeze driftin' on by, you know how I feel

It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
For me
And I'm feeling good

Fish in the sea, you know how I feel
River running free, you know how I feel
Blossom on the tree, you know how I feel

It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
For me
And I'm feeling good

Dragonfly out in the sun, you know what I mean, don't you know?
Butterflies all havin' fun, you know what I mean
Sleep in peace when day is done, that's what I mean

And this old world is a new world
And a bold world
For me

Stars when you shine, you know how I feel
Scent of the pine, you know how I feel
Oh, freedom is mine
And I know how I feel

It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
For me
And I'm feeling good."

Friday, November 20, 2009

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Enfim.

Arranquei do peito, esvaziei o coração, mudei o destino das declarações, varri tudo para debaixo do tapete. E me enchi de ar. Mas não me sinto vazia, sem vida, frágil. Apenas nova. Com todas e tantas possibilidades pelo caminho. Nova!

Estou em branco, uma tela em branco. À espera das palavras que o destino vai escrever e das infinitas cores que a vida ainda vai pintar.