Um contato, um inesperado contato.
Confesso que não esperava muito. Por enquanto.
Algumas linhas mal escritas trocadas. Mas até os tropeços fazem parte do seu charme. Pensamentos e idéias que, mesmo mal traçados, se encontram. Colidem, se fundem, se unem. Você sou eu.
Uma viagem e bad timing.
Uma espera.
De repente, uma voz. Fiquei imaginando o cheiro, o gosto, a pele daquela voz. Não entendi quase nada do que você falou no celular, maldito celular, mas o silêncio e a imaginação me contaram o que eu precisava saber. Alguém que ri das minhas besteiras com uma risada gostosa e se comove com as minhas sentimentalidades com o coração enlevado. Que me deixa esperando deliciosamente numa livraria. Que me apresenta a lugares "para ocasiões especiais". Que procura as minhas mãos com as suas. Que leva um caderninho no bolso. Que pensa "ela vai voltar um dia...". Que me dá revistas de presente, me mostra matérias e imagina se eu vou gostar. E que carrega uma mochila, como eu.
Um homem gentil.
Olhos atentos, tentando não piscar, não perder nenhum detalhe. Olhos de fotógrafo. E coração também.
Expectativas superadas? Não sei, só vou saber quando chegar em casa, beber um copo d'água e deitar na cama.
Eu quero lembrar de tudo, mas não consigo. Tudo foi tanto...
Numa escada rolante de metrô, um grito: "Viva Clarice Lispector!". Uma camiseta não usada, mas sentida. Uma estrela vermelha que tinha que estar ali. Eu sei que ainda está zero a zero. Ela tem uma coisa que é só dela, ela é dela, e de mais ninguém. O prazo de validade dos três meses. Dividindo uma "Bauhaus" e uma "Patrícia" com você. Um farol fechado. Abraços quentes e beijos molhados pelas ruas numa sem-graceza delirante. Uma delicada chuva caindo em gotas. Um casal de opostos. Uniforme e rebeldia. Convencionalidade e liberdade. Futebol e poesia. Bicicleta e magrela.
Pode embrulhar para presente, vou levar.
2 comments:
O saboroso óbvio!
O delicioso deixar-se levar pelo clichê, mesmo sabendo-se clichê...
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