Wednesday, December 28, 2011

La Loba

À noite, enquanto a cidade sonhava... no céu a luz de uma estrela brilhava. Acho essa música linda de tudo, sempre me emociona, sempre.

Chega o fim do ano e essa minha melancolia-hóspede vem me visitar e bate mais uma vez à porta. É engraçado, mas acho que não seria eu se assim não fosse. Definitivamente, não seria.

Porque, mais do que cíclico, mais do que instintivo, me atrevo a dizer que até mais do que feminino, é canceriânico mesmo, esse lance de andar pra frente, parar, recuar, andar pra trás um pouquinho, para conseguir voltar a andar pra frente. Coisa de caranguejo. Ir tateando, sentindo, experimentando. É a essência do natural, do instintivo, do feminino. Pedindo para sair, para se manifestar, para se mostrar. Mais do que pedindo, ordenando, ansiando, conquistando, tomando conta, rasgando tudo. Preciso desesperadamente dessa limpeza, dessa reciclagem, dessa troca de pele. O que antes era apenas uma leve penugem começa a engrossar, a virar um pêlo grosso e forte. As patas antes cambaleantes começam a se calcar melhor no chão, com mais firmeza. As orelhas antes tímidas e baixas começam a procurar mais decididas o som. Os olhos antes hesitantes passam a encarar o perigo de frente e sem medo. O rabo antes acanhado e encolhido toma a forma de um instrumento, conferindo vigor e robustez. Maturação. Amadurecimento. Consciência. Força. Poder. Instinto. A Mulher Selvagem, assim mesmo, tudo em maiúsculo...

Daqui pra frente, só Deus sabe. Não posso mudar o ponteiro das horas. Mas posso mudar o hoje, o agora e o ponteiro dos segundos.

“Winter is coming...”.
[Game of Thrones, magnífica.]

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