Thursday, June 13, 2013

O amor é uma manifestação de rua

Às vezes não sei o que pensar. Não sei o que pensar de nós, da vida, desse mundo louco em que a gente vive... sei que estou apaixonada por você, sei que estou. Mas às vezes me dá um não-sei-quê de dúvida, de medo, de angústia. O amor é isso mesmo, vocês me dirão. O amor é justamente esse medo de perder o outro, essa incerteza quase que constante, essa efemeridade de tudo e de todos. Tudo bem. Mas, cara, mesmo assim, mesmo assim ainda não acho que é... normal.

Não me entenda mal, você tem listas e listas de qualidades que eu admiro, muitos e muitos prós. Mas também tem os contras. E, ah, que contras!

Pra começar, você me dá medo. Muito medo. Ao mesmo tempo em que é amoroso e passional, você consegue ser especialmente cínico quando quer. E não é um cinismo pueril, amador, qualquer... é um cinismo digno de aula. De mestrado!

Além do mais, você diz que é tímido. Faz teatro e é tímido, sei. E não consegue pôr pra fora os sentimentos em palavras, em gestos, sei lá. Você consegue, que eu sei, você consegue muito bem. Quando quer, você me quebra com uma palavra.

Depois, você tem uma cabeça-durice que também me assusta. Chega quase à chatice, mesmo à burrice, à beira do abismo, no fim do precipício, atrevidamente nas pontas dos pés.

Pra completar, você é louco. Um louco completo e varrido e incurável. E adorável. Muitas vezes, nem consigo entender a sua loucura, compreendê-la pelo menos, à parte a minha ignorância. Você me dá um nó, sério.

E, com tudo isso, eu ainda vivo me declarando pra você...

"Para o amor, um banco de praça já basta.
Ou ficar na frente de um portão.
Ou uma xícara de café.
Amor mesmo é um filme de baixo orçamento."

[Fabrício Carpinejar]

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