Thursday, June 13, 2013

Árida selva

Estou triste. De vez em quando me bate uma tristeza, um vazio. Tristeza sem fim, sem fundo, sem tamanho, tanto que o peito fica pequeno pra tanta dor. Transbordo no chuveiro, inundo o banheiro. Meus cabelos escorrem em meus ombros, tão pesados. Derreto. A umidade abre todos os meus poros e coloca tudo pra fora. Todas as emoções - mais ainda - à flor da pele.

Saio. Estou seca. Emudeço de secura.

Por que é que a vida tem que ser tão dura? As pessoas tão ásperas? Esse mundo tão hostil?

Choro pelas pessoas, choro pelas crianças, choro pelo amor, choro pela violência, choro pelo contato, choro pela leveza, choro pelo enfrentamento, choro pelo toque, choro pela repressão sem razão, choro pela doçura que cotidianamente nos falta. Choro pelas distâncias. Choro pelos calores. Choro pelo sol escondido atrás das nuvens. De vergonha. Choro por quem apanha e mais ainda por quem bate. Choro pelas flores pisoteadas no asfalto. Choro pelas consciências. Choro pelos corpos machucados. Choro pelas rajadas de ar impregnado de suor e esforço. Choro pelas faíscas. Choro pela sujeira. Choro pela boa vontade. Choro por uma conversa. Choro pelos tênis surrados dos jovens. Choro pelos corações, tão maltratados. Choro pela marcha necessária. Choro pelo cansaço, pela gota d'água. Choro pela presença e pelas ausências. Ah, são tantas! Choro pelo excesso e pela falta. Por tudo. E pelo nada.

Morro um pouco. Renasço amanhã.

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